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'New York Times' diz que Brasil está em pedaços, mas que não há razão para impeachment

Em editorial, jornal americano fala sobre o cenário difícil do País e afirma que 'a solução não pode ser minar as instituições democráticas'

Por Danielle Chaves
Atualização:

São Paulo - Em um editorial publicado nesta terça-feira, 18, em sua versão impressa, o jornal norte-americano The New York Times afirma que o Brasil está em pedaços, mas defende que não há razão para impeachment da presidente Dilma Rousseff. Segundo o diário, forçar a saída de Dilma do governo sem evidência concreta de má conduta provocaria sérios danos a uma democracia que vem ganhando força há 30 anos.

O texto, intitulado "A crescente turbulência do Brasil", destaca o rebaixamento do rating soberano do País pela Moody's para perto do grau especulativo; o escândalo de corrupção que envolve a Petrobrás, políticos e empresários; a revolta do Legislativo; a queda da popularidade de Dilma para apenas um dígito; e os protestos do último domingo, que reverberaram pedidos de impeachment da presidente.

A presidente Dilma Rousseff Foto: Fabio Motta/Estadão

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No meio dessa turbulência, observa o editorial, uma boa notícia acaba se perdendo: a firmeza das instituições democráticas do Brasil. "Na procura por propinas na Petrobrás, promotores federais de uma unidade anticorrupção especial do Ministério Público não foram detidos por ordem ou poder, o que foi um golpe para a cultura de imunidade entre elites do governo e do empresariado", afirma a publicação.

O texto menciona que entre aqueles que enfrentam escrutínio está o antecessor de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o New York Times, embora as investigações tenham criado problemas políticos para Dilma e levantado questões sobre seu mandato de sete anos como presidente do conselho da Petrobrás, antes de ela se tornar presidente da República, "ela admiravelmente não fez qualquer esforço para conter ou influenciar as investigações".

Até agora, as investigações não encontraram evidências de ações ilegais da parte da presidente, diz o editorial. "E, embora ela, sem dúvida, seja responsável pelas políticas e por boa parte do mau gerenciamento que derrubou a economia do Brasil, essas não são ofensas suficientes para um impeachment (...) E não existe nada que sugira que qualquer líder pronto para atuar faria um trabalho melhor com a economia", acrescenta.

O jornal afirma que não há dúvidas de que as coisas provavelmente ainda vão piorar, mas destaca que "a solução não pode ser minar as instituições democráticas que são, no fim das contas, os garantidores da estabilidade, da credibilidade e de um governo honesto".

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